Enfermeira canadiana premiada mundialmente pelas suas contribuições para a Enfermagem de Família, Lorraine M. Wright, vai estar no V Congresso dos Enfermeiros e será uma das oradoras na sessão ‘Dimensão Espiritual nos Cuidados’, ao lado do padre Vítor Feytor Pinto e da enfermeira Margarida Vieira.
“Ser testemunha do sofrimento de um ente querido é uma dor mais profunda”, diz Lorraine M. Wright, enfermeira com mais de 40 anos de carreira, professora na Universidade de Calgary (Canadá), e autora de 12 livros, sendo o mais recente ‘Sofrimento e Espiritualidade’. Escritora e conferencista internacional, Lorraine tem como objectivo visitar 100 países e ajudar famílias que sofrem com doenças. Sobre Portugal, diz que tem uma boa imagem dos cuidados de saúde prestados, “mas com uma enorme falta de enfermeiros”.
Paradoxalmente, o maior desafio global é os enfermeiros poderem praticar enfermagem! Atenuar as dores de uma doença é o coração, a essência e o objectivo de cada enfermeiro, quando interage com pacientes e famílias. Mas o sofrimento físico, emocional ou espiritual, muitas vezes, não é avaliado e raramente documentado.
Penso que existe um serviço de alta qualidade e eficiente, mas com uma enorme falta de enfermeiros, algo que persiste ao longo dos anos.
A dimensão espiritual é desperta quando existe uma doença grave, incluindo dor física. A doença é um caso relacional e familiar. Nos meus 40 anos de prática clínica e pesquisa, compreendi que dentro do seio familiar, a pessoa que mais sofre quando a doença surge, na maioria das vezes, não é a pessoa que é diagnosticada. Ser testemunha do sofrimento de um ente querido é um sofrimento mais profundo.